26.8.11

o tempo, parte II

O trabalho com os relógios havia ajudado ao Seu Cândido a serenar quando o que se quer mesmo fazer é trovejar. Pois havia aprendido que tempo não é relógio, dinheiro, remédio... Ele sabia que, muitas vezes, nem o tempo cura. Para ele, tempo era aprendizagem, sabedoria. Um livro à disposição de analfabetos e doutores, míopes e estigmáticos, daltônicos, juízes e réus. Um livro de respostas para muitas perguntas. Mas ele sabia que, muitas vezes, nem o tempo é capaz de dizer.

24.8.11

o tempo, parte I

Sempre que interrogado sobre sua ocupação, Seu Cândido respondia que trabalhava com o tempo. A verdade era que ele trabalhava com as horas e passava a maior parte dela na sua oficina consertando relógios. Ele era Cândido no nome e na alma. E fazia jus ao nome que recebera no nascimento assim como os pássaros o fazem. (...)

7.8.11

dois

Eu lembro bem sob quais circunstâncias você foi criado. E sei mencionar sob quais motivos você existe até hoje, que aliás, não são os mesmos desde o início. Seu nome tem história e significado, e sua bagunça é proposital. Um varal cheio de cores e formas, onde estendo as roupas que lavo na poesia, cada uma com sua lavagem especial. Circunstâncias, motivos, significados e histórias não cabem a vocês, leitores, que compreendam. Porque a mim já basta que vocês leiam e, de alguma forma, se identifiquem com as roupas que eu, pacientemente, estendo no varal. Obrigada por esses dois anos.

E ainda há tanta roupa a se lavar...