As palavras que havia falado a ele ontem soavam como sussurros distantes ao seu ouvido. Palavras, gestos, expressões vinham a sua mente como se estivesse a assistir uma cena daquele filme. Não o final. Uma cena. Talvez uma das últimas...
E sentada à mesa num sábado onde nem a lua nem as estrelas a acompanhavam, e já um pouco tarde, tanto nas horas quando no arrependimento, a menina lembrava da sua decisão. Agora se perguntava e respondia para si mesma que sim, havia escolhido o melhor caminho daquela bifurcação. Havia se resolvido por esquecer tudo, todos, fechar a porta do jardim por um (muito) tempo e tentar restituí-lo.
Só esperava que o tempo ajudasse. Esperava o sol chegar. Gostava da chuva, achava até o inverno uma das melhores estações. A melhor, na verdade. Uma época maravilhosamente encantadora. Assustadora (raios! trovões!). Exuberante. Exuberantemente encantadora com seus sustos. Sustos esses dos quais ainda tentava se recuperar.
Cansou de escrever e repousou o lápis sobre a mesa. Num ato de desespero (da alma), passou as mãos pelos cabelos e deixou que elas escorregassem pela face úmida.
- Amanhã, quem sabe!
E não olhou mais para trás. Não até a hora em que dormiu e sonhou com o dia anterior.
4 comentários:
Demorou para postar, mas eu amei!
Vai me ensinar a escrever?
E tem gente que reclama do nublado dos dias. Como pode?
Este texto foi postado no dia 29/01/10.
Eu dei uma upada nele, pois não sei bem quando vou postar alguma novidade por aqui.
Beijo no ombro.
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