Não, a sua felicidade não era do tamanho daquela bolsa, era bem maior! Como caberia ali? Ora, é dobrável, é flexível, é simples. Um sopro e ela consegue fazer com que a felicidade seja imensa e ao mesmo tempo tão pequena. Tão simples como tomar um sorvete sentada no banco daquela praça, tão pequeno quanto aquele pombo ali no fio. No fio que balança e não causa medo. Cede. Mas o pássaro, e muito menos a menina, se preocupam: aquelas asas, senhores, se aquele animal as tem, é porque sabe que pode voar!
E a menina, que há muito não sorria, agora estampa a face com flores, cores, poesias. É a felicidade que ela aguardava a tanto tempo e que nunca encontrou nem na gaveta, nem na janela, nem embaixo do travesseiro.
Achou-a quando não mais procurava. E foi aí que achou o sentido da vida: esperar. Quando me falou isso também indaguei se cruzar os braços já havia lhe trazido alguma coisa. Engano, senhores. Engano. A espera dela consistia em aguardar o melhor. Em se guardar pra o melhor. Foi aí que achou aquilo que está dentro da sua bolsa.
Implorei, roguei, cantei que me deixasse ver o que guardava com tanto apreço ali dentro. Clamei, chorei.
Confortou-me explicando coisas com poucas palavras. Toda a brevidade que possuía usou ali naquela frase que encheu completamente a minha alma.
Não vos digo (por não saber) o que guarda ali naquela bolsa, nem a frase (por ser só minha) que a menina sussurrou. Mas eu espero senhores, espero que esbarrem com aquela menina. Espero que o olhar dela também vos acerte. Espero poder um dia ocupar minha bolsa com uma felicidade como a dela.
Um comentário:
Eu também espero, Rute. Também espero.
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