25.3.10

Entre a noite e o dia

Ia o silêncio quando foi rompido por uma incrível aglomeração de soldados fardados de palavras. Suas botas pisavam a terra molhada, encharcada pelas lágrimas das tristezas daquele lugar distante. Corpos inertes presos com correntes de silêncio em cadeiras de balanço paradas. Mundo morto. Foi quando perceberam um tímido crepúsculo, que ia surgindo no meio da cidade sombria tomada pelo medo. E assim surgiu o primeiro olhar através da densa escuridão. Os soldados pararam e esperavam alguma luz que os guiasse. E então apareceu uma menina, de caminhar tão leve que parecia voar, vestida de flores, e na cabeça uma tiara de borboletas, que cantava uma canção. Limpou a alma, chamou a atenção, e desarmou todos os soldados fardados. Os corpos, agora em ânsia de esperança, mas ainda parados, voltaram apenas o olhar para a menina. Não esperavam, quando magicamente, a menina de olhos verdes e alegres, deu uma pirueta. Duas piruetas. Três piruetas. Quatro piruetas. Na quinta, uma chuva de cores. Desarmandos e arrependidos, os soldados conseguiram ver, mesmo em meio a lágrimas, uma estrela baixa que se explodiu em saquinhos de pó-de-luz. A menina na frente, e os soldados, agora esperançosos, iam marchando em prol de um único desejo: o amor! Sendo assim, caminharam em direção as cadeiras, sopraram fechos de luz nas algemas que desapareciam, permitindo que as pessoas, agora vivas, dessem as mãos. Então as densas trevas se dissiparam e deram lugar a uma atmosfera de cores, flores, cheiro de grama, vento, barulho do  mar,  sorrisos, abraços. Os soldados e as pessoas, unidos, riram riso extrapolado porque descobriram o verdadeiro valor do amor com amizade. A menina olhou pro céu e viu um cavalo dourado, com seu nobre e belo cavaleiro montado, vindo ao seu encontro. Foi quando... O despertador dispara: 5h40. Despertar. O banho frio levou pra longe toda a magia. O dia começou do lado de cá.

7 comentários:

Nuriko disse...

Até dá vontade de ficar no lado de lá, não é?
Mas o mundo de cá também é tão bonito...

GABRIEL, gustavo disse...

E tome metalinguagem.

Não sei porque, mas [ps.: não sou sensível] quando li seu texto meus olhos meio que marejaram.

Eu disse MEIO.

Nila Maria disse...

me ensina a escrever, rute.
muito bom, muito bom mesmo.

Nathi disse...

Olá, sou a Nathi, o Yuri mandou [não mandou de verdade, maneira de dizer] eu passar aqui prometendo textos bons...li este, leio mais quando chegar, beijo e té!


ah, puta...jurava que você ia terminar assumindo-o como texto fantástico, eu teria preferido. É que já li tantos que terminam com despertador, mas tudo bem, a magia continua lá.

Anônimo disse...

É importante lembrar que de vez em quand, mas beem de vez em quando, o mundo de lá decide dar um pulo no mundo de cá.
Muito bom mesmo Rute! Você deveria ser escritora!

Babi Leão disse...

QUE LINDO !
eu amei Rute ! Voce escreve realmente muito bem !

Anônimo disse...

Muitíssimo bem escrito. Você conseguiu lapidar as palvras de um modo tal que me fez sentir na cena,ou mais,me sentir nos personagens. O chato é que sempre existe algo que corta o sonho e nos sacode para a realidade...

Parabéns!