5.2.11

Motivos de verão

Querido Orlando,

Não sei se a escrita antecipa a Rute ou se foi o contrário. Eu só sei que existe uma necessidade, uma maior do que a minha própria existência, que extrapola nervos e artérias, rompe tendões e atinge músculos: uma vontade do intangível, do inalcançável, que se torna simples e possível quando desenrolo os papeis de cartas, e após um suspiro, começo a escrever-te. Faço isso sem pressa, e sem ao menos resíduos de esperança de uma resposta. Apenas escrevo. Aconteça o que acontecer.

Porque existe isso de me sentar à janela e começar a desenrolar a linha do tempo. Vindo do último capítulo, do último dia de primavera, e desfazendo-me dos embaraços e dos nós. Desfazendo-me de nós, com as minhas mãos sobre o meu colo, querendo encontrar motivos para a primavera ter que acabar assim, levando consigo o mais belo dos arco-íris que surgiu após a chuva e você dividiu comigo o seu guarda-chuva amarelo.

Até onde vai a primavera? Até a rua mais próxima? Até uma folha flutuando no lago? Ou será que até os nossos olhos nos olhos do outro? Mas os motivos da fuga da primavera, eu só encontro no verão. Quando os meus olhos, nos outros que eu encontro no espelho, liquefazem meus próprios labirintos, desaguando a solidão em palavras. Pois finda o último da primavera, mas amanhecerá um belo e sorridente dia de verão. Anoiteça o que anoitecer.

Queridos, a ideia do texto é originalmente do meu amigo Lucas Azevedo. Acho que ele estava preocupado com meu apego pela primavera e sugeriu o verão. E me fez um bem! Obrigada.

5 comentários:

Anônimo disse...

oi, eu estive lendo seus textos e devo confessar que me identifiquei muito
adorei
te sigo
me visita e segue?
http://rgqueen.blogspot.com/
bjos, é maravilhoso como escreve.

Lucas Rafael Jardim disse...

Tem selo no meu blog pra vc!!!

Gaby Lirie disse...

Anoiteça o que anoitecer.

Suas palavras sempre fazem tanto sentido pra mim.

Eu adoro aqui, adoro muito.

Grande Beijo!

Jaynne Santos disse...

Tem um questionário pra você no meu blog.
Passa lá quando puder!
Beijos;

Anônimo disse...

Eu sou apaixonado pela sua escrita, Rute. És única.

Abraço, guria.