23.9.11

Como a primavera pode começar

Antes da segunda parte do trabalho, uma pausa para o chá. À minha frente está um homem de olhos de pêssego. Uns olhos assim tão doces e suaves que até se tem vontade de comê-los. Todas as tardes pede o chá de maçã, cravo e canela, e se ajeita o mais confortável possível, como se pudesse passar todo o resto da tarde ali. Eu olho pra o relógio impaciente, contando cada segundo pra o retorno ao trabalho.
- O meu é de camomila, por favor!

Durante o chá ele levanta os olhos (que vontade de comê-los!) e o elogia. Enquanto isso, o vapor que sai do chá mistura-se com o som da suas palavras que agora tem cheiro e cor. O homem à minha frente vai tomando o chá aos poucos, assoprando-o. Eu dou o primeiro gole e ai! Queimei a língua!

Depois do chá, chama o garçom e paga a conta. Agora seus dedos estão aninhados nos meus. Se fôssemos semente e terra, as suas raízes estariam em mim, e eu as alimentaria. Mas como dois seres assim tão diferentes podem fazer brotar uma flor?

4 comentários:

- disse...

Ah, amei o texto. Adorei a forma de como você usa as palavras. E amei o seu blog também.
Sucesso, XX

Rodolpho Padovani disse...

Às vezes a semente é tão forte que brota sem se perceber.

Estava com saudades daqui.

Beijos!

Anônimo disse...

Amei a forma como você se expressou, e sim, dois seres totalmente diferentes podem fazer brotar uma flor.
http://senhoritaliberdade.blogspot.com

Garotas Dizem disse...

Ah, que texto lindo. Adorei seu jeitinho doce de escrever! É o tipo de escrita que paro pra ler, mesmo quando não quero, porque me prende.

Gostei mesmo.

Ah, conheci o seu blog pela comunidade Bloinquês.

Parabéns pelo texto.
Beijo!