11.6.10

Sobre amores, dragões, girassóis, eu e você II

(...) Quando alguém vai embora sem explicação - por não querer ou não poder explicar - é verdade que a saudade usa uma faca muito afiada e nos divide em quatro fatias. O outro mentiu, enganou, machucou, lhe colocou num grande vale desconhecido mesmo você insistentemente avisando que tinha medo de dragões. Mas esse tal alguém não faz parte do seu mundo ideal. Esse alguém ainda insiste em manter a armadura por que prefere esconder os seus defeitos a deixar que alguém simplesmente o ame, além das suas falhas. Talvez esse alguém precise saber sobre o que você pensa. E ele vai embora, some, mas não nos leva junto. Então a gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas. Por que você aprendeu sobre o amor. E o amor estará acima de qualquer falha, acima de qualquer mentira. O amor perdoará.

Quando os dedos se entrelaçarem de novo, os nossos olhos enxergarão o abismo que é o olhar do outro, e a gente pensa que vai cair nesse abismo, e tenta se agarrar a qualquer pedra, mas só consegue alcançar uma flor. E a flor se despetala toda, fazendo com que você mergulhe de cabeça - mas não se machuque- por que você está caindo no coração do outro, e tudo o que existe nele é amor. Nesse dia, você e seu amor irão construir uma linda casinha e guardarão ali nas paredes todas as fotografias desde o dia em que vocês tombaram um com o outro, até o dia em que a morte os separará.

Eu não sei o que vai ser depois disso. Eu só acredito no amor. E o meu mundo ideal poderá sim existir em algum momento da minha vida se eu conseguir fazer com que os dragões que eu convivi enquanto o outro foi embora virem gentis colegas de sonhos.

2 comentários:

GABRIEL, gustavo disse...

Há muito tempo atrás eu tinha medo de dragões que se escondiam num vale profundo, em meu coração.

Hj em dia, eu os enfrento, e os domo.

Nathi disse...

Não haverá lugar para o medo onde reine o amor. definitivamente.